segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Mora ao Lado

O que você entende quando fala a palavra família?
            Família para mim é pai, mãe, irmãos.
            Isso é no que pensamos primeiro. Bom, alguns pensam.
            Aqueles que têm ou teve família em algum momento na vida.
            Ao longo da sua vida, família também pode ser com quem você viveu, conviveu.

            Lembra quando você foi deixada na casa da sua tia porque sua mãe tinha que trabalhar? Sua mãe vinha prá casa só nos finais de semana. Sua Tia tinha marido. Ela trabalhava em casa. O marido da sua Tia era metalúrgico. Os filhos da sua Tia estudavam numa escola próxima. E você? Bom, você. Você era a prima. Mas a sua família, naquelas semanas, naqueles dias, momentos, eram seus primos, tios. No final de semana, sexta-feira a noite, tua Mãe te pegava, em todos os sentidos que a palavra pode significar. Pegar: segurar, amparar, agarrar, prender, encobrir, abocanhar. Isso, até sem saber, sua Mãe fazia. Tentava suprir a segunda, a terça, a quarta, até a sexta, que não te via, que não sentia, que não abraçava. Que não entendia.
            A prima, você, era alguém ali? Bom, naquele momento era. Ou não.
            A referência familiar diz (pesquisar) vem de berço. Você é com quem você vive. Os dias e noites são aqueles com que passam contigo e você com eles.
            E o Pai? Nossa, cadê o Pai. Não tem. Ela não tinha Pai. Seu registro de nascimento constava apenas o nome da Mãe. Mas, espera aí? Como alguém nasce só da Mãe. Você é uma filha da Mãe? Sim, eu sou. (amei esta parte ao reler...dei muita risada)
            Você se identificou? Viveu assim? Conheceu alguém?
            E aqueles dois garotos que estudavam com você? Com quem? Comigo ou com meus primos? A Escola era a mesma. Classes diferentes.    Posso dizer que estudavam com vocês. Estar junto pode significar no mesmo ambiente.
            Os meninos eram gêmeos. Papai, mamãe sempre presente. Ora um ora outro, iam às reuniões bimestrais. Muito presentes.
            Estar presente, estando nas reuniões, jantando juntos, fazendo festas de aniversários, pagando contas de uniformes, visitando a vovó, comendo algodão doce no parque.
            E vizinhos? Presentes também. Tinha aquele cara, como era o nome dele? Não me lembro. Cuidava dos meninos quando papai e mamãe não estava em casa, quando os meninos voltavam da escola. Nossa, os meninos eram danados. Deveriam ter uns 8anos.
            A peraltice vem de berço? O estranho era que os meninos, as vezes, tão peraltas, um deles, de vez em quando, nas aulas, era tão distante. A professora achava estranha, mas...
            Professoras acham que criança assim não tem problemas. Cuidadas. Com atenção familiar. Pais presentes. Já disse isso.  E a professora continuava achando estranho aqueles comportamentos. Então, vamos comentar com outros professores? Falar com a Diretora? Com os Pais? Mas antes, deixa me certificar o que está havendo. Analisar em separado. Um deles, em certos dias, qual dia da semana era? Puxa, preciso saber qual dia é. Ele fica quieto. Fica calado. Não joga papel em ninguém. Faz a lição. Cutucar alguém, nem pensar. Será que estou ficando louca em achar coisas aonde não existem. Devo estar vendo coisas onde não existem. Mas sei quais problemas podem ou poderiam ter com crianças nessa idade. Imagino algumas situações. Eu estudei, li, assisti. Vou continuar minha análise antes de emitir qualquer opinião. Maldosa.
            Criança peralta fica calada. Quieta em dado momento. Viaja em seus pensamentos que nem elas sabem quais são.
            Será que o vizinho? Meu Deus. Você acredita em Deus? Modo de dizer. Chamamento automático.
            É!
            O vizinho. Aquele que cuidava muito de vez em quando. Era ele. Papai, mamãe, vocês não perceberam nada.
            A família é o berço de tudo.”!!!
Escritos de 2008.

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