domingo, 28 de novembro de 2010

MORTE À MISÉRIA


De novo meu povo

A fome bate e nenhum ovo

Em coro o estômago ronca

Não adianta dar bronca

Eles nunca estarão aqui

Quando sua morte vir

E será neste céu infinito

Que num suspiro dará

Seu último grito.

sábado, 13 de novembro de 2010

CALOR


E no desejo de te consumir
Consumo-me, aprofundo
Nas entranhas, adentro
No pequeno momento
         No aurículo direito
         Na veia cava superior
         Corre
         E no desejo de te consumir
         Corre
Neurônios afoitos
Verás o coito?
Cerebelo, bulbo
E no desejo de te consumir
A cefaléia passa a existir
         E continua seu caminho
         Quilômetros. Sobe e desce
         Palpita a pupila
         Fonte, fronte
         E no desejo de te consumir
Pulsa no pelo, no dedo
No cotovelo, no seu selo
Até no seu cabelo
No fico, no bico
E no desejo de te consumir
O sangue: ir e vir.

domingo, 7 de novembro de 2010

PARTI_VIDA

Dor da morte
Da perda
Dor de ir
De nunca mais vir
Dor de não voltar p’essa Terra
E agora?
Nunca mais?
Palavra desgraçada essa
O que é nunca mais?
Nunca mais é nunca mais
Nunca mesmo
Depois de ir
Nunca mais te vê vir
Ir e vir
No molejo da Terra
Desgraçada
A Terra, não!
A palavra
Que tem poder
De me fazer sofrer
De me fazer ver
Que nunca mais
É muito longo
Que é pra sempre
Nunca mais Vou te ver
Na Terra que te Viu crescer
Estará debaixo dela
Ai que dor de te ver ir
De me ver
Vejo
Irmos, indo...
Nunca mais nos veremos
Palavra, Palavra, Palavra Poderosa
Como dói este nunca
Que vai se distanciando aos poucos
E de repente outro alguém Vai
E nos faz lembrar
Relembrar
De todos os nunca mais
Perdidos nessa Terra
Envolto a Ela
Choramos este
Aquele
Quem não conheces
Choramos tudo
Guardado
Fechado
Dento do peito
Choras vivo
Choras ido
Mas Sempre
Pensamentos
Vivos.
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